sábado, junho 20, 2009

Ai que saudade!




Saudades, umas saudades assim...
Saudades do que já vivi outrora,
Eram tempos que maldade era trova
E bonança era sempre o agora!
Era uma outrora de tempos distantes,
Tão distantes que já nem os detenho
Nem mesmo em seus desenhos.

Saudades, umas saudades assim...
De tempos que virão, do sonhados tempos
De tempos mal plantados, mal planetados.

Uma saudade me bate agora...
Incompreendida saudade, sentida saudade!
Por piedade do deixar de me ter,
Por inconformidade do me deter.
Da vida, guardo apenas uma maldade,
Por as esperanças ficarem em piedade...

Agora, calada, saio dessa vida de cilada,
Quase disfarçada, meio ladeada, enlodeada
Para não sentir mais saudade, piedade,
Para não lhe ter maldade.

quarta-feira, junho 17, 2009

Desistências

Iraida Icaza

Há, ainda, os livros empratelados...
As alianças não são mais douradas ou prateadas,
Como nos tempos da minha mãe.
São, hoje, de papéis entraçados, estraçalhados.

Não há roupas, não há jóias nem residências e autos.
Há apenas resistências emprateladas.
Mas que hoje são também entraçadas.
Resquícios de entranças e transas.

Os sonhos se rasgaram como o véu da noiva desistente,
O nojo veio como o da rica viúva,
O choro passou como o da criança mimada,
A tristeza se foi como o sono em noite quente.
Sente que o desistente é sempre o mais feliz.

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Rompimentos?
São tantos.
Pode ser mesmo
Só o fim dos tempos!

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Tentativas.
Desistências?
Persistências.
Pendências.


Inocências


Inocências.
Nascem com a ciência da indecência.
Antes fossem Temências, as da ciência do temor.
Àquelas, por tanto amor, Não a si, mas ao clamor, e
Sem senso de decência, despem sempre o seu coração
E, por isso, caem sempre nas garras de qualquer garanhão.
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Procuro independência,
Mas sempre caio em dependência.
Será por tanta inocência?
De repente por indecência.

Prece para Iemanjá








Omiodô, Omio doce mãe
Vou pedindo benção, amor e paz
Para aquele rapaz
Que tanto tem dor
Omiodô, Omio doce mãe
Vou pedindo luz e prosperidade
Para esta moça
Que a idade já pediu
Omiodô, Omio doce mãe
Que o seu mar
Me banhe em paz
Que a sua lua
Me guie na fraternidade sua
Que a sua estrela
Me brilhe no peito
Que a sua força
Me apanhe em coragem
Omiodô, Omio doce mãe
Que a coragem, que o brilho, que a paz e a prosperidade
Atinjam estes humanos que tantos desalinhos passam.
Omiodô, Omio doce mãe
Omiodô, Omio doce mãe



Omiodô, Omio doce mãe
Vou agradecer a paz e a luz
Que o mar e a lua
Trás a mim e a eles
Omiodô, Omio doce mãe
Vamos agradecer
A coragem que a mãe nos deu
Omiodô, Omio doce mãe
Vamos nos unir para pedir
Muito ter o que agradecer
Omiodô, Omio doce mãe
Que o som das suas ondas
Nos acalmem todas as noites
Que o brilho das estrelas e da lua sua
Possam nos iluminar pelas noites de solidão
De sofreguidão
Omiodô, Omio doce mãe
Que o seu doce nos adoce
O coração.
Omiodô, Omio doce mãe


O ciumento



- Já disse que vou sim!
-Quer ir, vai! Mas se você for assaltada...
- Quem é que diz que vou ser assaltada?
-Você é muito ingênua, não percebe as coisas...
-Claro que percebo.
-Não percebeu nem que o atendente era baitola!
-Mas percebi que eu fui bem atendida.
-Um cara pode vir a qualquer momento lhe falar um monte de coisas e te enrolar...
- Até parece que me enrolam fácil assim...
-Te enrolam fácil aqui, você que ainda não foi enrolada porque não deixei. Os homens daqui se encostam nas mulheres com papinho pra depois assaltá-las, estuprá-las...
-Você pensa que vim da roça, é?
-Não tô falando isso...
-E tá dizendo o quê?
-E você pode se perder...
-Se eu me perder, procuro a polícia.
-Aqui são tudo um bando de safado! E aquele que te ver perguntando informação, vai ver que você não é daqui, aí vai querer te enrolar.
- Você é que tem medo!
-Eu não tenho medo, sou homem. E com homem é diferente.
-Até pode ser, mas eu não tenho medo nenhum, sei me virar.
-...
-Tu é que tem medo de eu ir e não voltar mais.
-Não tenho medo nem disso.
-Ah é? Então amanhã eu vou sair sozinha.
-Você não vai nem conseguir pegar o ônibus!
-Você tá de brincadeira comigo!
-Não tô brincando, é sério, aqui é diferente.
-Aqui deve ser o pior lugar do mundo!
-Já disse, vou contigo aonde você quiser.
-Mas eu preciso sair sozinha, senão não aprendo a andar.
-Daí você vai ver, vai ser enrolada, assaltada, vai se perder...
-Daí quem sabe eu vou e nem volto, né? Vai que me emociono e entro na rodoviária e fujo, né?

Cuspo este veneno

Uma homenagem continuada a um 100!




Educação ou avacalhação?
Mas que gestão!
Mais parece falta de prece
Pois todos rumam ao caixão
Ninguém terá o perdão
Pois isso lá carece não.

É presente de cupido o destampar do ouvido:

Esse novo amor apagará toda a sua dor e lhe devolverá todo o vigor.

É cautela do presente:

Todo o amor desaparecer vai
se verdadeiro que aceitar em sua alma não florescer até o amanhecer.



7 luas
cruas
e duras
você tem para verificar:

Prefere amor real ou prefere amor surreal?

Se real, amor você terá.

Se surreal, você jamais o terá, e ainda o real perderá.

Ardência


leve e puro são teus lábios
desejo os como nunca
sábios desejos vis e negros
como tua ardente pele
amizade és o que tens por mim,
mas por ti tenho paixões


Amizade demais estraga as paixões
paixões que em sonhos matutinos vivem
que em reais noites sobrevivem
Não tenho mais idade de platonismos
passei por ismos sem idade ter
hoje desejo-te com força, mas sem dor
seja o que for, quando for, amarei sem
pudor.

Por quê?
Quem mente passa a frente
E quem sente passa rente?

Indiferença



quase uma gestação
e um ar de indignação
e falta de reação...
cadê a paixão?
a espera gerou obturação?
ou tapou a visão?
por que a indiferença?
mas foi tanta querência
por pouca experiência
ou muita demência
talvez carência
da sua ciência
tenha me feito ganhar experiência
sofrimento tentar causar?
nada. Apenas ficar na indiferença
por seu merecimento
lhe dar esse aborrecimento

por tanto tempo e toda a espera
zela a alma a espera de carta tua
nua era minha caixa de impressão tua

Ele canta Ela canta
Um oi e um e daí?
Ele se encanta com outra
Ela decanta
talvez desencanta
e com outro se encontra.

Por seu merecimento
um aborrecimento,
quiçá sua ausência,
uma indiferença,
depois de tantas querências,
mostrou saudade esquecida
talvez por sua demência
ou minha ciência
talvez experiência
pareci perdida
ou desentendida

entendi
seu jogo
frieza
indiferença
sem busca
uma surpresa
indiferença

Solidão



Solidão
É um senão que não se entende
é o que se pretende
para ver tudo o que se tende

O amor que me prometeu


Folhas verdes voam ao vento inebriante da minha alma
Águas límpidas sacolejam-me o corpo lavando-me o peito
Brisa suave e leve carrega-me rumo ao porto seu
para ter o amor que me prometeu.

Revolução


Revoluções
Me trazem evoluções.
Necessito de inovações!
Limpeza no coração,
Paz nessa encarnação.

Partidas, idas, vindas
Encontros e desencontros
Portas que se fecham
Janelas que se abrem
Portões que se escancaram

Adeus às minguas
Good bye aos tontos
Todos já vão
Eu já vou.

Metamorfosear.
Fazer revolução!
Ir atrás da evolução.
Necessito limpar o coração,
Encaminhar esta encarnação,
Vou fazer revolução.
Vou versejar!

Ter fé
E não dar no pé
pois amor de verdade
não tem piedade
mas exige serenidade


tornar Ser com a idade
passar a viver a verdade

Ter fé
sem pé
não vale nem um café,
muito menos um cafuné.

Espiritualidade

Deve-se viver com serenidade
exercitando a temperança
é não ter piedade, apenas caridade
Evoluí na mudança!
Acompanhar as vicissitudes
Destruindo preconceitos
Trilhai a estrada com atividade!
Polindo virtudes, podando defeitos
Sem fraqueza ou maldade
É ter a certeza de uma nova humanidade


Suicida quase sempre


suicida quase sempre
nessa pressa de semestre sempre numa prece
Não me aprece, pois não me apetece
tece o texto quase numa peste
sono, gordura, fumo
o supra-sumo do suicida madrugal
de prece em prece um fumo tece a peste semestral

Véu



pego um alvo véu
passeio com ele sobre mim
sob a lua cheia embrisada
ele gira a minha volta
da lua gira e energia tira
tem mais vida e mais luz
voa sobre mim
ilumina-me assim alimenta-me
voa comigo, comigo voa
a mim inebria a mente
alva fica a alma leve minha