sábado, novembro 29, 2008

Alguma nota


fiador
fia a dor?

financeira
bagunceira do dinheiro?

dinheiro fácil
juros extremos,

extremamente fácil
dinheiro a juros

Obturação



Certa vez, tive um relacionamento curto e profundo. Será que algo curto pode ser ao mesmo tempo profundo? Acho melhor dizer, curto e intenso. Bom, a história se resume no fato que fui percebendo, à medida que me apaixonava, que o “bom” moço tinha mesmo era um belo buraco para obturar, não um buraco no dente, mas pior, no coração; e por isso, enquanto estava nas intensidades comigo (intensidades, penso agora que só existiam em mim), ele planejava friamente uma viagem para o outro lado do Atlântico para procurar seu “tapa-buraco”. Essa expressão ficou estranha, pois ele é homem e pode se sentir ofendido, mas na falta de uma expressão melhor, deixo essa mesma. Enfim, planejava o encontro do seu “tapa-buraco” e fingia para si como para mim e para quem mais estivesse ao redor que iria em busca de qualificação profissional. Até poderia ser, mas pela profissão, duvido o tamanho do empenho financeiro o qual lhe atribuiu o título do bom filho que sempre retorna à casa do pai.
A história acabou resultando na minha desistência e resistência ao mesmo tempo. Se é que isso é possível. Ele foi. Há dois meses e um pouco, recebi um e-mail que dizia que voltaria num certo dia 10, passou dois dias de número 10 e nada. Nada mais de e-mail, muito menos telefonemas. Se eu estou realmente a sua espera, não sei. Tenho dúvidas até mesmo sobre isso. Mas o problema é: eu preciso de uma obturação. Não, não em algum dente, talvez isso seja até preciso, mas não estou preocupada com isso agora. Mas preciso urgentemente obturar meu coração.
Talvez o buraco a ser obturado tenha aumentado porque eu, virava e mexia, nele pensava e hipotetizava uma situação que nunca teria acontecido, mesmo sem a necessidade da obturação dele. A culpa pelos buracos no nosso peito, muitas vezes, é nossa mesmo! Porque nós valorizamos e intensificamos vivencias e sentimentos que não merecem tanto. Deixamos de viver o real com alegria, para vivermos o irreal com desequilíbrios como se estivéssemos sempre à beira de um penhasco.