quinta-feira, agosto 27, 2009

Vírgula



Desabafos abafados em meu peito baforam
Tristeza e compadecimento, lições e pressões
Murmúrios das impressões
Sensações das ações entre imposições Tudo está lá fora! Eles já foram.

Meu peito lamenta, meus olhos me revelam
Meus pensamentos se interpoem
e se confundem
Minha alma ora de joelhos e implora-me Fé!
Minha mente cansada e confusa e temerosa
chora e quer até dar no pé
Hoje os dela, amanhã os meus, eu.
Sofrimentos confusos interpostos e postos até mesmo impostos
Não houve fé.
Tenho que ter mais fé!
Pelo certo, pelo sábio, pelo humilde se deve caminhar
Tenho que ter mais fé!
Pelo amor, para a luz e pela vida
Tenho que ter mais fé!
Meu, eu?
Tenho que ter mais fé!
Não há posses. Não me pertenço!
Tenho que ter mais fé!
Livre arbítrio? Que sacanagem!
Tenho que ter mais fé!
Só sei que sei que nada sei.
Interpretei daquilo que quase cansei
E daquilo que superar tentei
Tentei e tento tanta tentação tentar não dar mais atenção
nas vírgulas que só eu sei.

Reticências e ponto ou ponto e reticências?


Seus prazos térreos se esvaia
Aos casos sérios já se despedia

Como soberana que viveu,
Como soberana morreu.


Como sua Louça que despedida não recebeu
Até uma moça compadecida se percebeu.

Assim se auto-inscreveu:

À vida que podia ter sido e que não foi,
Ao recomeço que não chegou,
Ao Amor que se apagou,
À loucura que derrocou
O que há muito já oco e louco se tornou
Partiu. Partiu e partiu até o que com custo e vaidade se pariu se perdeu em vário desvario.

segunda-feira, agosto 17, 2009

Aguardar






Para breve novos contos!

Três estão prontos, porém em concurso.

Passagens

Kandinsky






Quantas vidas vivi?
Vivi somente nesta,
Quebrei tanto a testa
Tudo passou e nem vi

Com vidas como que em pasta
Toda Ela aqui está armazenada
De nada esqueci e nem mais vi
Arrolada e desatada em ata
Toda Ela é passada, trespassada

De tão entrameada, por cedo
Ter esquecido o que era medo,
Precocemente foi entrançada,
Às vezes até mesmo enganada

domingo, agosto 02, 2009

Alienação


É incrível como a exploração do erotismo recebe a audiência do público brasileiro. É domingo, dia da família, todos reunidos à sala, as crianças, os homens, todo o povo reunido em frente à TV na hora do almoço, horário em que se deveria respeitar as senhoras, as crianças e aqueles que duramente investiram em suas vidas intelectuais! E lá todos estão sentados para se divertir com a exploração do erotismo, com os closes nas nádegas e seios das modelos; com a ridicularização dos esteriótipos da sociedade, os travestis e seus desejos, os pedreiros sedentos de mulheres gostosas... Enfim, é o tempo das explorações! E a exploração emocional? Pessoas pobres recebendo as caridosas ajudas marketeiras dos programas de TV têm expostas suas intimidades, problemas de família, choram, lamuriam-se... Com os sentimentos, também há a exploração e sua ridicularização.
Eis o circo de Roma! A Lacraia não morreu! Enquanto o povo se diverte com as Lacraias e Ellens, sua mente se aliena e enferruja; depois sua mente não funciona diante dos problemas da sociedade, das escolhas dos profissionais para os cargos públicos, da construção das críticas ao sistema de saúde, de seus problemas particulares que envolvem a educação dos filhos...
Qual será o resultado depois de alguns anos na vida de uma criança que aos cinco anos começa a ser exposta aos programas de domingo? Será que ela será capaz de construir valores e ter raciocínio lógico e intelectual? Terá ela condições de apreciar uma obra de arte? Será que ela será capaz de almejar algo melhor para sua vida material, espiritual depois de anos acompanhando o pai e a mãe nas diversões cretinas da exploração e ridicularização do ser humano?
Hoje resolvi pensar a respeito, afinal, casada e com uma enteada, estou sofrendo a violência dominical! Depois de tantos domingos lendo poesias, lendo as críticas literárias, explorando as teorias lingüísticas, assistindo a filmes clássicos, agora estou aqui, quase regurgitando o almoço de domingo ingerido em frente à programação de maior audiência.
Preciso pra já de um emprego! Preciso receber um salário que me seja suficiente para tentar purificar a mente da minha família com teatro, cinema, exposições e contato com gente culta. Não posso permitir minha família sofrer a violência dominical e muito menos permitir-me juntar-se a eles!
Observação: Caso eu não consiga purificar minha família, caso eu não desista dela, e, mesmo assim, não me juntar a eles, posso comunicar em alguns anos o resultado da garotinha de cinco anos.