terça-feira, janeiro 23, 2007

Uma homenagem à minha terra


HOMENAGEM À SANTA SAMPA,
A NOSSA PAULICÉIA DE MÁRIO

São Paulo, minha amada terra onde tudo tem,
nunca o tempo pára a madrugada nada encerra
e de nada fico sem.

Saúdo esta cidade todas as noites:
Minha alma a flana em seus miúdos
e se encanta com seus flamejares
criados por seus sisudos sem calma
Quero estar em sua velocidade!

De polifonia estonteante
tem-se a berrante sincronia:
Carros velozes e muitas vozes
de muitos errantes e amantes.

Nos trens,
os viajantes se esquecem
de tão apressados
de serem também passantes

para fotografar as colossais imagens
do inconfundível cotidiano paulistano,
onde sempre se descobre que nada é apenas à esmo,
mas, em suas mentes, só há o tudo no mesmo

Suas luzes, seus sons e odores
tudo conta a minha história!
Cidade de todos os tons
de amores e dores
Cidade de tudo e de todos!

A cidade sempre foi de pressa e promessa
E por isso nunca se cessa
A festa de tudo se querer fotografar
E com tudo e com todos fadar.

Olhar essa cidade, sem pressa, em sua pressa
É sempre uma promessa daqueles que passam...
É uma grande pena
perder a Cena da velocidade!

Mas, depois que de lá saem
só sonham em lá voltar
para tudo com suas solas saudar,
pois mãe como esta cidade,
nenhuma outra a bondade tem de o ser.
Sampa está a meio caminho do mundo,
tem de tudo e de todos, liga-se a tudo e a todos.
E só em Sampa se tem amor, se tem vida!
Suas gigantes feiras, seus camelôs
seus candomblés e catedrais
centrinhos e centrões...
Calçadões de verdade
só mesmo em Sampa!

O sábado à noite com sua pizza e vinho
O dia de feira com pastel e caldo de cana
E berram os feirantes:
Moça bonita não paga, mas também não leva!
E aí freguesa, o que vai ser? Leve quatro pague três!
O dia de domingo com as massas que bóiam nos molhos
Só em Sampa isso tudo tem

Seu centro intelectual
com megas livrarias e teatros
cem exposições e zilhões de mostras
Todos têm Trabalho!
Suas mil periferias encantadas com
pagode e churrasco de domingo
regados à cerveja na laje
Todos merecem descanso!

São nas lajes que as dores são esquecidas,
e são nas mostras que as almas são enriquecidas.

Que saudade de Sampa
É uma pena eu estar perdendo suas velozes
Cenas de seda que se rasgam nas suas atrozes vozes

Aqui tem mares, tem sóis, chuvas
E ventos uivantes sempre
mas não há muitos paulistanos...
É uma pena, pois por aqui não há muitas cenas
que queiram ser fotografadas pela mente
e, assim, ficam em belezas afogadas

Somente os filhos de Sampa
sabem viver, mesmo com as nossas horas do ter
Assim, aqui nada de graça tem
ninguém é de verdade
não há alegria nem dor
aqui tudo é morno
tudo é transformado em caos
ninguém sabe o que é o caos por aqui
não há caos! Só casos.

Em Sampa, há casos e caos. Erótico caos!
Aqui não se tem nada de erótico
Só se tem de neurótico.

Sampa, nada mais vivo, nada mais brilhante
que essa cidade errante, berrante
e amante!
Ah, como tenho saudades da velocidade
encantadora da alma
Salve a Santa Paulicéia saracuteante!

Sambinha

Samba para os meus

Omio dô, omio dô
Minha mãe é Iemanjá
E uma boa vida Ela vai me arranjar

O que bambo, o que bambo
Meu pai é Odé
E Nele tenho muita fé

Eu eu, eu eu
Oçanhe é meu protetor também
E meus passos ele vai guiar e
de toda dor me afastar.

Iê iêu, iê iêu
Oxum é da dinda
Que vai ainda muita fertilidade
me fazer encontrar

Meus protetores,
Neles tenho fé.
Agradeço a eles pelos caminhos
Que não trilho a pé.