quarta-feira, janeiro 07, 2009

Cidade...Cidadela... Os pássaros que lá gorjeiam não gorjeiam como cá


Pássaros ou uma Mulher?

Uma Cidadela onde ser Cinderela é Show
Uma Cidade onde ser Primogênita é trabalhoso.


O mar tem em várias outras cidades. Mas, eu escolhi o grandioso e pequeno mar da Tapera – Floripa-SC. Um mar fechado com sua orla enfeitada pelos barracões de pescadores e pelos feitiços dos bruxos da vila. Esse mar se esconde dos turistas, ou será que os turistas dele se escondem? É melhor deixar assim. Não sei se eu escolhi o mar da Tapera ou se ele me escolheu, mas o fato é que em São Paulo não fico e pronto e acabou! São Paulo não me quer, eu não a quero; a Tapera é muito mais divertida. As aves que cá gorjeiam não gorjeiam como lá; eh, estou em São Paulo vendo o seu céu cinza, sentindo o seu vento poluído e pesado, ouvindo as estressadas buzinas dos carros e o rancoroso motor dos ônibus, caminhões e trens. Não que na Tapera não tenhamos ônibus e caminhões, isso temos sim, mas ao invés de trem, temos barcos e cavalos.
Temos uma praça de tamanho significativo por perto. Na Tapera essa praça seria o maior sucesso! Árvores e balanços para realizar de dia os sonhos de crianças, e, de noite, feitiços. Mas aqui... Sua única serventia é abrigar os desabrigados dos bares e oferecer-lhes um banco gelado de frente ao cruzeiro para que possam se refestelar até o amanhecer ao som de suas roucas vozes, quando muito, acompanhadas do som do violão e da sirene da polícia. Mas há algo bom: roucas vozes pressupõe companhia; refestelar-se pressupõe em alto-estilo. Não há mal que não me traga nenhum bem.
É janeiro, verão, segundo a tradição. Mas vivemos dias tão cinzas e gelados, sem humor ou graça, sem desejos despertos e tampouco realizados... Parece inverno, e dos pesados, com direito aos casacos de lã pesada. Verão hipocondríaco. É o verão mais hipocondríaco que vivo em São Paulo. Se eu estivesse na minha Tapera... Mas aqui já tomei de banhos de descarrego a calmantes, incluindo os pós-copos, doses duplas. Lá, o que eu tomo? Vá se lá hoje um banho de descarrego, daqui uma semana outro... E assim vai. Lá nem tenho problemas pós-copos, não que lá não tenha copos, mas não tem mesmo são problemas... Calmantes? Só em caso extremo de vida ou morte. Lembro-me de ter tomado apenas um, numa noite que não pude ir pra casa... Aqui, em poucos dias, já quase me internei numa clínica para nervosos. É , não dá!
Talvez eu fique assim nervosa por ficar entediada. Ficar entediada em São Paulo, a Sampa? É... São Paulo não me quer mesmo.
Teve um dia que foi exclusivamente maravilhoso. Foi o dia em que passei com minha família no Parque do Ibirapuera. Eu e minha irmã alugamos bicicletas (R$5 por hora, um assalto!) e andamos por todo o parque sob o cinza céu, mas até que os seus verdes se destacavam bem nesse clima. O parque não estava cheio. Tinha pessoas suficientes para assegurar algumas colisões, afinal é São Paulo e ninguém respeita as regras de trânsito mesmo, nem mesmo as mais banais que viabilizam o bom e seguro tráfego de bicicletas pelas ciclovia do parque. O pior e incrível, isso é fdd para mim, eu andava sempre à frente da minha irmã caçula, depois que eu passava, ela passava e lá começava a sessão taradice. Mas também, ela com seus belos 15 anos andando de bicicleta vestida em pedaço de pano... Quero o quê? Ela já não é mais a minha irmãzinha, é apenas a minha irmã.
Não sei se isso piora a situação ou não, mas aquela que foi minha irmãzinha e que hoje é apenas a minha irmã tem um namorado quatro anos mais velho do que ela. Ele é uma graça de menino, tem uma mãe que é também a graciosidade em pessoa, mas só de pensar a minha menininha nos braços daquele cabra... Tenho vontade de sumir! Entendo então a situação que minha mãe, meu pai, meus tios passaram quando era eu que me enrolava nos braços dos cabras aos 15 anos... Hoje, mesmo cheia de ciúmes, apóio a relação deles, formam um casal bonito e o cabra poderá ser um cunhado bacana para almoçar aos domingos e, depois, fazer sessão jogos de tabuleiro, o que eu e minha irmaz... irmã adoramos.
Voltando à proposta... Afinal, é preciso desabafar. Registrar aqui, onde qualquer terráqueo que, ao menos, leia o português brasileiro possa ler e ver. É uma forma, talvez de recolher testemunhas para o dia em que São Pedro me indagar sobre minhas psicoses.
As chaves daqui trancam tudo, as grades nas janelas interrompem minha tentativa de visão para uma quase paisagem admirável. Ela é longínqua... Quase inatingível. Talvez, só exista na nossa imaginação, na imaginação de quem daqui, louco e bemol, tenta se suavizar. Fugir? Impossível. Aqui no Brasil não tem o ônibus que resgata bruxos em apuros. Esperar e esperar... Logo-logo fujo de 1001 ou de Gol; mas como o prefeito que tudo quebrou quando a eleição perdeu não me pagou... Talvez eu vá de caronas mesmo... Um dia devo retornar à casa Sagrada e também à Casa Santificada.

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