sexta-feira, fevereiro 22, 2008

TESTE ou AVISO? O Otimismo e Uma conspiração.




Dez da manhã, acordara com o telefone tocando... Correra para atendê-lo se esquecendo dos óculos e dos chinelos. Era verão, seus pés estavam suados... Não vira a bacia de roupas limpas próxima à porta... Paft! Levantara-se zonza, chegara ao telefone... Ele parara de tocar. Mas que merda! Uma enorme rouxidão se formava em seu joelho direito e seu braço, também o direito, já mal poderia segurar sequer o vidro do detergente de cozinha.
Dez e meia, novamente, tocara o telefone. Era O Telefonema! Uma entrevista de emprego, do emprego esperado, para às 15 h. Suas dores no corpo pareceram desaparecer até que a ligação fosse encerrada. Putz! E agora, meu braço dói e está ficando roxo... Manco da perna... E a entrevista? Única chance...
Fizera o próprio almoço neste dia... Logo hoje que não tinha deixado nada pronto! Mas é um cacete mesmo! Não creio! Era só o que me faltava... Com muito sufoco, valendo-se apenas da mão esquerda, fizera um ovo frito para comer com pão, mas isso depois de ter derrubado todo o macarrão a bolonhesa no chão por não suportar o peso com a mão esquerda...
Tomara banho e, ao terminar de se vestir, derrubara o último vidro de perfume no chão, aquele importado ganho de sua mãe no Natal, pois tinha a mão esquerda além de fraca, suada... Saira de casa com demasiada pressa e irritação que se esquecera de imprimir uma nova versão do seu currículo para a entrevista e também de pegar o cartão de integração que estava na bolsa de praia.
Correra meio manca para não perder o ônibus. Ao passar na catraca percebera o esquecimento do cartão... Já eram 14 h 30, não havia jeito. Pagara a passagem mais cara e se sentara ao sol, não havia mais bancos disponíveis a sombra. Enquanto o ônibus passava pelo túnel, levantaram-se três rapazes não muito aprumados que anunciaram um assalto. Perdera suas últimas cinqüenta pilas... E não ficara nem o dinheiro da passagem de volta... Mas tudo bem, estou indo me empregar, algo bom há de acontecer hoje, não é possível, deve ser um daqueles testes divinos de persistência de que falam os crentes...
Chegara ao local da entrevista, falara com a secretária e, então, a pergunta cruel... Putz! O currículo! A secretária, dispensando-a, orientou-a para que aguardasse um novo telefonema para remarcar a entrevista.
O jeito agora é ir a um posto policial... De repente, encontro o amor da minha vida.