sexta-feira, setembro 01, 2006

De volta ao Passado

Tirei a segunda e chuvosa noite de férias para pensar em quantas vezes já desejei poder voltar ao passado e arrumar algo que não deu certo; seja lá uma escolha, um (mal) dito, uma (des) atitude; enfim, algo de que eu me arrependa. Passei a vida inteira, da infância até quase esses dias, pensando “Ah, se eu pudesse voltar ao passado, eu não faria tal coisa”, mas depois de ter assistido o filme Efeito Borboleta (EUA, 2004; Direção: Eric Bress J. Mackye Gruber) acho que não pensarei mais nisso.

O filme é sobre um rapaz que tem o poder de voltar ao passado, através de algo que o desperte recordações (diários e filmes), e, assim, tenta arrumar por várias vezes a vida da menina que adora desde a infância e de seus amigos. Porém, a cada vez que volta ao passado, a vida de alguém é drasticamente alterada, seja a de um dos amigos, a da menina, ou a da sua mãe e da sua própria vida. Ele apenas consegue mudar o passado, mas não consegue prever as conseqüências daquelas mudanças, as quais podem ser muito ruins.

Hoje, agora, penso que se eu pudesse voltar ao passado para tentar arrumar alguma coisa, o que eu arrumaria? Não teria ido a x lugar em x hora ou dia, ido embora mais cedo de uma x festa, não ter começado a fumar, não ter deixado de fazer x coisa, não ter brigado com x pessoa? Não sei... De tantas coisas que me aconteceram, a única que eu verdadeiramente mudaria seria a parte de ter começado a fumar, mais nada.

Com o tempo, com as experiências que adquiri, com as reflexões que sempre faço em cima de tudo o que vivo; concluo que se eu tivesse o poder de alterar o meu passado e, assim, deixasse de fazer ou fizesse diferente algo que não tenha dado certo e que me tenha feito chorar, as conseqüências me trariam arrependimentos ainda maiores. Afinal de contas, quem seria eu sem as minhas vivências? Eu não seria nada! Eu não teria nada para contar... Não teria parâmetros para comparar se ando ou não no caminho certo, não poderia nem ao menos arriscar uma prospecção a um amigo. Eu não seria Eu, seria Nada. Não teria visto o mundo, sentido as profundas emoções que senti, não saberia reagir às adversidades da vida, não daria valor a mim, não daria valor aos amigos fiéis e nem à minha família.

Hoje gosto de mim, não me envergonho das minhas experiências mal sucedidas, nem me orgulho, no sentido de deslumbrar-me, com nada que tenha dado certo. Apenas me sinto como alguém que se coloca no mundo assumindo estar aprendendo a viver e a valorizar a própria vida, a qual é constituída de erros e acertos, amigos e inimigos. Não mudaria nada na minha vida, a não ser, reforço, o fato do fumar.

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